Siri com IA enfrenta dificuldades e atrasos sucessivos
A Apple, conhecida por sua precisão em lançamentos e qualidade de produtos, enfrenta uma das maiores crises internas de sua história recente. A nova geração da Siri, impulsionada pela Apple Intelligence, deveria marcar um novo capítulo na evolução da assistente virtual. No entanto, o projeto sofreu inúmeros atrasos, gerando frustração entre executivos, engenheiros e investidores.
O chefe da Siri, Robby Walker, não escondeu a insatisfação. Durante uma reunião recente, ele classificou a situação como “feia e embaraçosa”, refletindo o sentimento de frustração generalizada dentro da empresa. A Apple havia prometido que a Siri aprimorada seria lançada pouco após o iPhone 16, mas a data foi postergada diversas vezes – primeiro para abril de 2025, depois para maio, e mais recentemente para um incerto “algum momento de 2026”. Agora, rumores indicam que a assistente pode não estar pronta antes de 2027.
Tecnologia problemática e promessas vazias
Os problemas enfrentados pelo projeto não são superficiais. De acordo com fontes internas, a Apple Intelligence ainda não atingiu os padrões exigidos pela empresa, resultando em instabilidade e falhas frequentes. Entre as principais dificuldades encontradas estão:
- Instabilidade e bugs: A nova Siri funcionava de maneira confiável apenas em 66% a 80% dos testes, um número muito abaixo do esperado para um produto da Apple.
- Controle por voz ineficiente: A promessa de uma interação fluida com aplicativos via comandos de voz não foi cumprida.
- Desempenho e hardware insuficientes: A execução de modelos avançados de IA sobrecarregava os dispositivos da Apple, especialmente os mais antigos.
- Baixa confiabilidade no mundo real: Mesmo com inteligência artificial, a Siri continuava imprecisa e pouco útil em situações reais.
- Dificuldades no acesso a dados do usuário: Sem acesso adequado a informações personalizadas, a assistente virtual não conseguia oferecer respostas tão completas quanto suas concorrentes, como a Alexa da Amazon.
A revelação de que a Apple utilizou um vídeo simulado para demonstrar a nova Siri na Worldwide Developers Conference (WWDC) de junho de 2024 só agravou a crise. Na prática, o que foi apresentado não passava de um conceito longe de ser funcional.
Impacto nas ações e crise interna
A frustração interna se refletiu no mercado. O vazamento dos problemas no desenvolvimento da Siri levou a uma queda de 11% nas ações da Apple, marcando a pior performance da companhia desde novembro de 2022. Esse revés acendeu um alerta vermelho para investidores e analistas, que esperavam que a Apple Intelligence fosse a grande aposta para impulsionar vendas e manter a empresa na vanguarda da tecnologia.
Diante desse cenário, a Apple tomou uma decisão drástica: colocou Mike Rockwell, criador do Vision Pro, para liderar os esforços de revitalização da Siri. Ele agora tem a difícil missão de transformar a assistente virtual em um produto competitivo antes que a Apple perca ainda mais terreno para a concorrência.
Uma questão de honra para a Apple
A situação tem um peso simbólico para a empresa. A Siri foi introduzida no iPhone 4S em outubro de 2011, um dia antes da morte de Steve Jobs. A assistente virtual foi uma das últimas apostas estratégicas do fundador da Apple, e sua evolução sempre foi tratada com grande expectativa.
Com o tempo, porém, a Siri perdeu relevância, enquanto rivais como Google Assistant e Alexa avançaram significativamente. Agora, a Apple se encontra em um dilema: cumprir a promessa de uma Siri realmente inteligente ou admitir mais um fracasso em sua busca por inovação no campo da inteligência artificial.
Seja como for, o episódio reforça que, mesmo para uma gigante da tecnologia, prometer mais do que se pode entregar pode custar caro – tanto em credibilidade quanto em valor de mercado.
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