Aparentemente perdemos o direito de ficarmos tristes ou indispostos e isso é muito perigoso
Todos os dias as redes sociais trazem para as telas uma grande variedade de conteúdos: estilo de vida, dança, viagens, ginástica, gastronomia, notícias, entre outros tópicos. Para muitas pessoas isto pode criar uma sobrecarga de informações, onde todos parecem estar satisfeitos e realizados em sua história pessoal e profissional.
Uma porcentagem deste conteúdo é compartilhada por influenciadores digitais. Segundo o Relatório Anual de Marketing Nielsen, publicado em maio deste ano, o Brasil lidera o número de influenciadores digitais na rede social Instagram: existem 10,5 milhões de perfis dedicados ao conteúdo digital. A análise estima perfis acima de mil seguidores que exercem o poder predominante ou são profissionais na área que comentam.
Jean Perez, comunicólogo treinado, Mídia Social e especialista em construção de conteúdo digital desde 2009, comenta sobre como compartilhar a vida real nas redes sociais pode dar mais conexão e meditação à vida diária.
Como você examina o comportamento dos indivíduos ao utilizar as redes sociais?
Jean Perez: Acreditar em redes sociais é como acreditar na trama de uma novela; você sabe que ela não é real, mas você a torce como se fosse. Observo que um sentimento de não pertencer está tomando conta dos usuários da Internet, e isto abre um lugar para a disseminação de conteúdo que traz mais vida real e como também pode ser desfrutado off-line.
Apesar de tudo isso, você acha que é possível humanizar a maneira como nos expressamos nas plataformas?
JP: Aparentemente perdemos o direito de estarmos tristes ou infelizes e isso é bastante arriscado, mas eu acho que ainda há um lugar para a vida real na Internet. As redes sociais funcionam claramente porque continuam sendo formadas por pessoas conectando-se umas com as outras. Portanto, há uma identificação ou frustração em cada perfil. Influenciar alguém virtualmente é causar sensações diferentes no receptor da mensagem, como raiva, empatia, amor, ressentimento, etc. A humanização dos perfis pode ser o caminho certo, pois não podemos esquecer que estamos falando de seres humanos que inventam conteúdo para seus equivalentes.
Vários perfis anunciam todos os tipos de produtos, alguns não constantemente com eficácia comprovada, o que você acha desta prática?
JP: Como temos observado, esta conexão vai além de um produto ou conselho oferecido, interfere em pontos do dia daqueles que recebem este tipo de instruções. Além disso, há uma linha tênue entre motivar alguém e sugerir que “você não pode viver sem este produto por enquanto”, e você tem que ter cuidado com isso. A Internet é composta por um público diversificado, de diferentes classes sociais, por isso é essencial que os roteiros publicitários também adotem este novo formato. Em conclusão, estamos falando de pessoas mostrando produtos a outros, que normalmente não podem se dar ao luxo de comprá-los. Precisamos nos colocar no lugar daqueles que recebem a mensagem e ver até que ponto isso ajuda ou dificulta tanto a comercialização do produto quanto a vida cotidiana do receptor da publicidade.
Em conclusão, que recomendações você daria para construir um perfil com mais conteúdo de “vida real”?
JP: Sinceridade é tudo, obviamente, não vamos nos expor 100%, mas é essencial mostrar o lado humano, o lado do indivíduo que não está bem, que gosta de flores, que é movido pela música, em conclusão, o lado que muitas vezes o dinheiro não pode comercializar e com o qual todo o planeta acaba se identificando. É sair do pedestal e se mostrar em carne e osso. Aos internautas que recebem as mensagens, recomendo que sigam constantemente os criadores de conteúdo mais próximos de seu estilo de vida, que compartilham os desafios da vida real.
Jean Perez compartilha o conteúdo de sua rotina e fala sobre comunicação em seu perfil no Instagram. Para saber mais, basta seguir
acessar: https://www.instagram.com/ojeanperez/
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