Civilização Egípcia/Terceiro Período Intermediário/Dinastias do Terceiro Período Intermediário/21ª Dinastia
21ª Dinastia
Reis do Norte
- Smendes
- Amenemnisu
- Psusennes I
- Amenemope
- Osorkon
- Siamun
- Psusennes II
Governantes do Sul - Tebas
- Herihor
- Piankh
- Pinedjem I
- Masaherta
- Menkheperre
- Smendes II
- Pinedjem II
- Psusennes III
- Smendes
Seu nome Nesbanebdjed significa Ele que é do Carneiro (deus), O senhor de Mendes. Seu nome de trono Hedjkheperre-setpenre significa Brilhantes são as manifestações de Ra, Escolhido de Ra.
Smendes reinou sobre parte do Egito a partir de Tanis, ao mesmo tempo que Ramsés XI, enquanto no sul governava Herihor. Aparentemente Tanis se desenvolveu como irmã gêmea de Tebas e também como principal local de culto a Amon no norte do Egito.
Ele foi oficial do exército e depois vizir no final da 20ª Dinastia e não possuía nenhuma conexão com a família real exceto, talvez, por ter se casado com a filha de Ramsés XI, Tentamon. Acredita-se que ele foi o responsável pela reclusão de Ramsés XI.
É possível que a divisão do país tenha sido feita em comum acordo, porque as famílias que governaram o norte e o sul estavam ligadas e isso ocorreu até que Sheshonq (fundador da 22ª Dinastia) unisse o país novamente.
Através do Conto de Wenamun, que hoje está preservado em Moscou, e data do ano cinco do Renascimento, durante a última década do reinado de Ramsés XI, ficamos sabendo um pouco sobre esse que seria o futuro rei.
Viajando para Biblos para assegurar o cedro para a nova barca de Amon-Ra, Wenamun parou em Tanis, que ele descreve como o local onde estão Smendes e Tentamon. Smendes é descrito como a pessoa a quem Wenamun entregou as credenciais dadas por Herihor, o Alto-Sacerdote de Amon e poderoso general do sul.
Wenamun foi enviado para Síria de barco, por Smendes. O futuro rei, Smendes, junto com Herihor e outros são citados porque colaboraram com o dinheiro para essa viagem.
Deve se considerar que, nessa época, Ramsés XI vivia em Pi-Ramsés, mais ou menos há uns vinte quilômetros do sul de Tanis, e mesmo assim Wenamun procurou Smendes ao invés de procurar o rei.
Em seu conto Wenamun se refere a Smendes e Tentamon como os pilares sobre os quais Amon se assenta no norte do país.
Como pouco se sabe sobre Smendes, existe a hipótese de que ele fosse o irmão de Nodjmet, a esposa de Herihor. Mas, também Nodjmet pode ter sido irmã de Ramsés XI.
Existem apenas dois registros conhecidos de Smendes como rei após a morte de Ramsés XI. Uma estela em Dibabia (Jebelein) que traz seu nome como faraó e uma descrição de Smendes no templo de Montu em Karnak. Provavelmente Smendes nunca reinou como faraó sobre um Egito unido.
Sua múmia e sua tumba não foram descobertas, alguns acreditam que possa ser a tumba NRT-I em Tanis, mas não há certeza.
- Amenemnisu
Seu nome significa Amon é o rei, o nome de trono Neferkare Heqawaset significa Bela é a alma de Ra, O senhor de Waset.
Filho de Smendes com Tentamon, foi co-regente de seu pai junto com Psusennes I (seu irmão).
Praticamente nada se sabe sobre Amenemnisu, alguns historiadores o colocam reinando após Psusennes I mas não se sabe quem seria o irmão mais velho. É possível que ele tenha ocupado o trono durante quatro anos.
- Psusennes I
Seu nome Pasebakhenniut significa Uma estrela surge na cidade. O nome de trono, Aakheperre, Grandes são as manifestações de Ra.
Irmão de Amenemnisu, ele reinou antes ou depois de seu irmão (depende de quem era o mais velho). Aparentemente era filho de Pinedjem I governante e sacerdote do sul, em Tebas. Foi casado com a rainha Mutnojme. Foi co-regente junto com o irmão.
Psusennes I foi sepultado numa tumba em Tanis que continha uma segunda câmara para sua esposa e irmã. Mais tarde a múmia de Amenemope foi colocada lá, de modo que se acredita que fosse um local onde guardavam as múmias da 21ª Dinastia.
Um sarcófago com a múmia de um homem velho, que se acredita fosse o rei Psusennes I, foi encontrado na tumba, assim como o sarcófago feito de granito rosa que deveria pertencer ao faraó Merenptah. Muitos tesouros foram encontrados nessa tumba.
- Amenemope
Seu nome Amenemipet significa Amon no festival Opet. O nome de trono, Usermaatre, Wesermaatre, Poderosa é a justiça de Ra, Meryamun Setepenanum, Amado de Amon, Escolhido de Amon.
Filho de Psusennes I com Mutnedjemet. Teve dois filhos Osorkon e Siamun.
Sua tumba foi encontrada em Tanis e dentro havia artefatos de ouro e prata, embora sua múmia tivesse sido movida para a tumba de Psusennes I.
É provável que esse rei tenha escrito um dos mais famosos livros de sabedoria do Egito antigo, Instruções de Amenemope, que ele deu a seu filho (filhos).
No livro ele aconselha a ter integridade, honestidade, autocontrole e gentileza e como atingir aos objetivos desejados tendo muita fé nos deuses. Ele ensina que a confiança no deus traz tranqüilidade e assim a pessoa se liberta da ansiedade. Deve ter sido um dos primeiros livros de autoajuda da história.
- Osorkon O Velho
Seu nome de trono Aakheperre Setepenre significa Maravilhosa é a alma de Ra, Escolhido de Ra. Seu pai foi Amenemope e sua mãe Mekhtenusekhet. Seu irmão foi Siamun.
A forma egípcia do nome Osorkon não é encontrada em registros atuais, mas pode se encontrar nas listas de reis tardios a forma Osochor. Esse nome parece de origem Líbia, de modo que alguns estudiosos acreditam que ele poderia ser filho do chefe líbio Sheshonq.
- Siamun
Seu nome Saamun-meryamun significa Filho de Amon. O nome de trono, Netjerikheperre-setpenamun, Como um deus é a manifestação de Ra, Escolhido de Amon.
Foi Siamun o responsável por selar o local de armazenamento das múmias reais em Deir el-Bahari (cache de Deir el-Bahari). Essa foi uma contribuição inestimável para os estudos e conhecimento do Egito, o nome de Siamun deveria ser conhecido por todos aqueles que estudam e apreciam a história do antigo Egito.
Acredita-se que ele tenha feito algumas obras como acréscimos ao templo de Amon em Tanis, e tenha erguido um templo para Amon em Mênfis.
Também é possível que tenha feito campanhas militares contra a Palestina quando capturou a cidade de Gezer. Essa cidade foi usada como dote para sua filha, quando ela se casou com Salomão para consolidar as relações entre Egito e Israel.
- Psusennes II
Seu nome, Pasebakhenniut-meriamun significa Uma estrela surge na cidade, Amado de Amon. O nome de trono Titkheperure-setepenamun, Imagem da transformação de Ra.
Sabemos que suas filhas foram: Tenetsepeh que casou com o Alto-Sacerdote de Ptah em Mênfis, Shedsunefertu e Maatkare que casou com Osorkon I. É possível que ele seja o mesmo Psusennes que foi Alto-Sacerdote de Amon, se assim for, seu reinado marca a junção dos governantes do Alto e Baixo Egito.
Algumas inscrições em monumentos em Mênfis e Tanis, são o único registro que temos desse rei.
Governantes do Sul - Tebas
- Herihor
- Piankh
- Pinedjem I
- Masaherta
- Menkheperre
- Smendes II
- Pinedjem II
- Psusennes III
Herihor
Era general quando Paneshy, que era o vice-rei egípcio na Núbia, marchou sobre o Egito com seu exército. Paneshy, deveria colocar ordem em Tebas onde Amenhotep que era Alto-Sacerdote estava criando problemas. Só que ele sitiou o Alto-Sacerdote de Amon no templo de Medinet Habu, assumiu uma série de títulos e se estabeleceu no local. (Ramsés XI, 20ª dinastia)
O general Herihor foi enviado por Ramsés XI para resolver o problema de Paneshy e para lá marchou, despachou o rebelde de volta para a Núbia onde ele continuou a causar problemas.
Herihor então, assumiu os títulos de Paneshy (vice-rei da Núbia e outros que ele usurpou) e foi apontado como Alto-Sacerdote de Amon.
Não se sabe porque o faraó Ramsés XI confiou nesse homem, se foi por estupidez, se foi porque talvez a esposa de Herihor, Nodjmet fosse irmã do faraó ou se ele foi forçado a isso.
O fato é que Herihor ficou com os rendimentos do templo que eram maiores do que os do faraó e estabeleceu um novo regime que ele chamou de renascimento. Isso ocorreu no décimo nono ano do governo de Ramsés XI.
Herihor tinha um epíteto que era Si-amun ou seja, Hórus me protege, Filho de Amon. Seu título ficou sendo Hem-netjer-tepy-en-amun, que significa O primeiro profeta (alto-sacerdote) de Amon.
Embora ele tivesse governado o sul do Egito, alguns dizem que ele não foi registrado como rei, mas o fato é que ele usou cartuchos, que só foram usados pelos reis. No templo de Khonsu em Karnak há obras que ele mandou erguer e ali pode ser visto seu cartucho.
O famoso Conto de Wenamun (descrito no módulo Novo Império, 20ª Dinastia, Ramsés XI e também no tópico sobre Smendes) menciona que Herihor controlava o sul do país.
Foi encontrada a múmia de sua esposa junto com uma cópia lindamente ilustrada do Livro dos Mortos pertencente aos dois. Parece que os dois, marido e esposa, não foram sepultados juntos. De fato não se encontrou nada sobre o funeral de Herihor e pode ser que sua tumba ainda esteja intacta nas colinas de Tebas.
- Piankh
Deve ter sido o filho de Herihor, e hoje praticamente se descarta a hipótese de que ele tenha sido o pai ou sogro de Herihor. Não há maiores informações e sua múmia não foi encontrada, nem sua tumba. Apenas temos, talvez, o nome de sua esposa Herere B cuja múmia e a tumba também não foram encontradas.
- Pinedjem I
Herdou o governo do sul do país de seu pai, Alto-Sacerdote de Amon, Piankh, que governou por pouco tempo após a morte de Herihor.
Na realidade esse foi um estranho período para os historiadores, porque parece que os dois reis, Smendes no norte e Pinedjem no sul se ajudavam, embora o país estivesse dividido.
O governante oficial do Egito era o deus Amon, portanto estava em curso uma teocracia.
Chega-se à conclusão que os governantes do norte e do sul seriam parentes, fosse por casamento ou devido a seus ancestrais. Pinedjem deve ter sido casado com Henuttawy, talvez filha de Ramsés XI e a esposa de Smendes talvez fosse outra filha do mesmo faraó.
Pinedjem era o nome de nascimento do rei e seu epíteto mery-amun que significa Aquele que pertence ao Agradável (Hórus ou Ptah), Amado de Amon. Seu nome de trono, Kha-kheper-re Setep-en-amun significa A alma de Ra surge, Escolhido de Amon.
Talvez tenha ocorrido uma ruptura qualquer entre Tanis e Tebas por volta do ano dezesseis do governo de Smendes. E nesse tempo, Pinudjem usou apenas seus títulos militares e sacerdotais, mas mandou erguer monumentos onde era retratado usando os adereços que caracterizavam um faraó.
No ano dezesseis ele já aparece usando os títulos faraônicos. Seu nome Hórus era Touro poderoso, Coroado em Tebas e Amado de Amon e era inscrito num cartucho. Foi encontrado em Tebas, Coptos, Abidos e até em Tanis.
Pinudjem teve outras esposas além de Henuttawy e teve também muitos filhos. É interessante observar que um de seus filhos Psusennes I se tornou sucessor de Smendes no norte. Outros filhos seus Masaherta e Menkheppere, se tornaram sucessivamente, Altos-Sacerdotes de Amon em Tebas.
O nome de Pinedjem está gravado em diversos blocos no Templo de Amon em Tebas e parece que ele também usurpou uma enorme estátua de Ramsés II no mesmo templo.
A múmia de Pinedjem assim como belas figuras de faiança azul, foram encontradas em Deir el-Bahari (DB 320) num local onde havia outras múmias. Aparentemente sua múmia foi mudada de lugar assim como a da esposa de Herihor, Nodjmet. Não se sabe onde foi feito o sepultamento original do rei-sacerdote.
- Masaherta
Filho de Pinudjem I e Isetemkhebjt A, se tornou Alto-Sacerdote de Amon, quando seu pai se intitulou rei.
Sua múmia, assim como a de sua esposa Tajheret, foram encontradas na tumba TT320, mas parece que esse não foi o local original do sepultamento.
As informações são de que a múmia de Masaherta está no Museu de Mumificação de Luxor e a de Tajheret está no Museu do Cairo CG61091.
Aparentemente ele faleceu de complicações devido a obesidade, dez anos antes de seu pai.
- Menkheperre
Segundo filho de Pinedjem I, pai de Smendes II e de Pinedjem II.
São muito poucas as informações a seu respeito, parece que durante seu governo houve uma rebelião que foi dominada pelo sacerdote e os rebeldes foram exilados para o Oásis Kharga.
- Smendes II
Filho de Menkheperre o irmão mais velho de Pinedjem II. Também não temos informações suficientes sobre ele. Sua múmia não foi encontrada.
- Pinedjem II
Filho de Menkheperre e Isetemkhebjt C. Se tornou Alto-Sacerdote de Amon em Tebas depois da morte de seu irmão Smendes II. Faleceu no décimo ano de governo do rei tanita Siamun.
Uma de suas esposas, Neskhonsu, se tornou governadora de países estrangeiros e vice-rainha da Núbia. Ela foi sepultada junto de seu marido na TT320.
Pinedjem II foi sepultado em dois sarcófagos e foram encontrados seus quatro vasos canopos assim como placas de couro que ficavam no torso de sua múmia. Pedaços de panos de mumificação e um enfeite de couro foi encontrado no sarcófago de Neskhonsu. Sua múmia está no Museu do Cairo CG61094
- Psusennes III
Os historiadores colocam em dúvida sua identidade. Alguns acham que, Psusennes III e Psusennes II (o último governante da 21ª Dinastia), eram a mesma pessoa.
É possível que Psusennes, que era o Alto-Sacerdote de Amon em Tebas e governante da área de Abidos, tivesse ampliado sua autoridade até o Delta, adotando os títulos reais.
Numa inscrição em hierático no templo de Ptah em Abidos, ele é chamado de rei do Alto e Baixo Egito, Alto-Sacerdote de Amon-Ra e comandante do exército.
Uma de suas filhas, Tanetsepeh, era filha de Shedsunefertum, o Alto-Sacerdote de Ptah em Mênfis. A outra filha, Maatkare casou-se com Osorkon I.