Grego moderno/Gramática/Artigos
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No Grego Moderno há dois tipos de artigos: o artigo definido e o indefinido. Como categoria gramatical variável, o artigo é declinado para cada número, gênero e caso (ver seção anterior). Cada substantivo vem sempre acompanhado por um artigo, exceto em alguns casos particulares, os quais incluem as situações em que se usa o vocativo. Por esta razão, os artigos não são declinados para o vocativo.
O artigo definido é o equivalente ao o, a, os, as da língua portuguesa. O artigo indefinido é o equivalente ao um, uma, uns umas.
Caso | Singular | Plural | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Masculino | Feminino | Neutro | Masculino | Feminino | Neutro | |
Nominativo | ο | η | το | οι | οι | τα |
Genitivo | του | της | του | των | των | των |
Acusativo | το(ν)* | τη(ν)* | το | τους | τις | τα |
Caso | Singular | Plural | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Masculino | Feminino (ver #Nota) |
Neutro | Masculino | Feminino | Neutro | |
Nominativo | ένας | μια | ένα | Não tem | ||
Genitivo | ένος | μιας | ένος | |||
Acusativo | ένα(ν)* | μια(ν)* | ένα |
*Para compreender o uso do "ν" que se encontra entre parênteses em algumas das declinações dos artigos, veja a página O uso do ν nos artigos
Nota
Cada caso do artigo indefinido feminino possui duas variantes. A primeira apresentada na tabela é a mais usual e consiste numa palavra de uma só sílaba. A outra variante, menos usual, é μία/μίας/μία(ν) e consiste numa palavra de duas sílabas distintas.
Estas duas tabelas abrem, por assim dizer, as portas da língua grega. Estudem-se os seus conteúdos, linha por linha, nominativo, genitivo e acusativo, de cima para baixo, da esquerda para a direita.
Na Tabela I, a primeira linha, no caso nominativo, corresponde ao artigo definido português, singular e plural, o, a, os, as. Na Tabela II, o nominativo corresponde ao artigo indefinido um, uma, em português, não existindo o plural uns, umas, em grego. Observem-se bem as formas: ένας , um; ένος, de um ou dum; ένα(ν), um; μια, uma: μιας, de uma ou duma; μια(ν), uma; ένα, um, diante de palavra neutra: ένος, de um; ένα, um diante de palavra neutra. As formas com (ν)* empregam-se antes de palavras começadas por vogais, ou pelas consoantes Π, Τ, Κ [PETECA], e por aquelas consoantes compostas contendo estes mesmos sons iniciais, como Ψ, Ξ, etc.
Os plurais dos artigos definidos masculino [ο] e feminino [η] são iguais a [οι]. Em grego clássico o plural de [η] é [αι]. O plural do artigo definido neutro [το] é [τα]. Exemplos: ο πατέρας, o pai; η μητέρα, a mãe; ο αδελφός, o irmão; η αδελφή, a irmã; το πρόβλημα, o problema; το βιβλίο, o livro; το σπίτι, a casa; το παιδί, a criança; το κορίτσι, a moça ou a donzela.
No plural temos, respectivamente, οι πατέρες, os pais; οι μητέρες; as mães; οι αδελφοί, os irmãos; οι αδελφές, as irmãs: τα βιβλία, os livros; τα παιδιά, as crianças; τα κορίτσια, as donzelas: τα βιβλία, os livros; τα σπίτια, as casas; τα βιβλία, os livros; τα προβλήματα, os problemas.
Notemos que as palavras gregas neutras, precedidas do artigo definido [το], podem corresponder a palavras portuguesas tanto masculinas quanto femininas. Daí a necessidade de sabermos ou podermos determinar o gênero das palavras em grego. E é por esta razão que, dentre as palavras declináveis [substantivos, adjetivos, pronomes e artigos], os artigos definidos e indefinidos [art. ind.] devem merecer, inicialmente, a máxima atenção, por facilitarem não somente a compreensão do que seja uma declinação, como também porque suas terminações de caso, ou suas desinências, repetem-se em muitas outras categorias gramaticais.
O valor mnemônico dos artigos é, portanto, imenso. Suas formas no genitivo [caso da posse] e no acusativo [caso do objeto direto] reaparecerão como formas pronominais. Graças à existência de artigos definidos e indefinidos em grego podemos afirmar que o problema das declinações é muito exagerado.
Em russo e em latim não existem artigos. Nunca é demais, portanto, conhecer bem as formas do artigo definido e a sua importância na determinação do gênero dos substantivos. Na língua grega moderna existem três gêneros, masculino, feminino e neutro, tal como ocorre em grego clássico, no latim clássico, no alemão, no inglês, e no russo, línguas conhecidas de muitos. Assim como fazemos em alemão, o melhor método de determinar o gênero de uma palavra neo-helênica, ou greco-moderna, é aprendê-la com o respectivo artigo, sempre indicado nos dicionários.
Nas listas de palavras, que organizarmos, não poderemos omitir essa preciosa informação. Em português já temos um dicionário de tamanho médio, recentemente publicado em Portugal, que traz também como anexo uma minigramática. Em outras línguas, temos várias e recentíssimas obras. Muitos dicionários ainda no mercado referem-se à língua culta, da qual futuramente todos procurarão conhecer detalhes. Há regras claras para adaptar a ortografia antiga para a ortografia atual monotônica, oficial desde 1982, na Grécia e em Chipre. Em inglês, os dicionários de Pring e os de Sofroniou são ótimos. Não nos basta simplesmente 'olhar no dicionário o significado de uma palavra', é preciso também anotar por escrito as consultas feitas, com os exemplos preciosos de frases, que o verbete pode conter. O contexto das palavras determina o seu sentido, favorece a memorização e indica a propriedade do seu uso. Isto vale para grego ou para outra qualquer língua.
No caso nominativo, isto é, no caso do sujeito, naquele caso gramatical em que costumam ser apresentadas as palavras no dicionário, as palavras masculinas virão precedidas do artigo [ο], o artigo definido das palavras femininas será [η], e [το] é o artigo definido, que precederá as palavras neutras. Os casos gramaticais em grego moderno são apenas quatro: nominativo [nom.], vocativo [voc.], acusativo [acus.] e genitivo [gen]. O artigo definido [art. def.] não tem o vocativo, caso do chamamento, um caso com o qual não temos de nos preocupar, por enquanto, e que é muitas vezes igual ao nominativo.
Outras considerações preliminares sobre a declinação dos artigos. Nas línguas analíticas como o português, o inglês e o francês, as relações gramaticais entre as palavras, nas frases e orações, podem ser determinadas pela posição delas ou por meio de preposições. Nas línguas sintéticas, como o grego, o latim e o russo, as relações gramaticais são indicadas pelos casos gramaticais e pelas preposições que regem casos.
Preposições são, portanto, palavras invariáveis importantíssimas que ligam as palavras entre si determinando diversas relações gramaticais. Historicamente, em todas as línguas sintéticas, as preposições tendem a substituir os casos, ou a eliminá-los, como ocorreu no latim, ao se transformar nas várias línguas neolatinas. As preposições e as locuções prepositivas da língua portuguesa devem ser lembradas imediatamente, sem o que não temos como explicar a declinação completa dos artigos.
As preposições, nas diferentes línguas sintéticas, regem casos. Em russo existe o caso preposicional. Em latim as preposições regem os casos acusativo e ablativo. Em grego moderno regem sempre o caso acusativo, salvo algumas exceções estilísticas. Segundo o gramático brasileiro, Napoleão Mendes de Almeida, classificam-se as preposições em essenciais e acidentais.
Preposições essenciais são as que só exercem essa função. São as seguintes: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Preposições essenciais consideram-se as palavras de outras classes, principalmente advérbios, eventualmente empregadas como preposições, tais como: conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvante, salvo, segundo e tirante.
Em português, como em grego, há preposições que se apresentam sob a forma de locuções preposicionais: atrás de, além de, antes de, dentro de, junto à, etc.
Um aspecto muito importante é que as preposições podem combinar-se com os artigos, ou com pronomes. Por exemplo: a preposição a + artigos torna-se à, ao, aos; a preposição de + artigos, torna-se do, da, dos, das; a preposição em + artigos torna-se no, na, nos, nas. As principais preposições gregas são: με, com; σε, em; για, para; ως, como; προς, para [em favor de]; κατά, em; παρά, apesar de; μετά, depois; από, de [denotando origem]; αντί, contra; χωρίς, sem; ίσαμε , e δίχος.
Para exemplificar locuções prepositivas em grego consideremos as frases: μπροστά σε μια ταβέρνα, em frente de uma taverna; πίσω από τον κήπο, atrás do jardim; κοντά σε μια πλατεία, perto de uma praça; μακριά από την αγορά, longe do mercado; μέσα σε μια εκκλησία, dentro de uma igreja; έξω από το σταθμό, fora da estação; δίπλα σε μία βάρκα, perto de uma barca; απέναντι από τους άντρες, em frente aos homens; πάνω σε μια καρέκλα, sobre uma cadeira; κάτω από το τραπέζι, sob a mesa. Estes exemplos reforçam a afirmação de que as preposições em grego moderno ou neo-helênico regem o acusativo e proporcionam vários exemplos em que poderíamos utilizar o artigo indefinido para determinar o gênero das palavras do texto.
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