Lógica/O homem mascarado e os limites de aplicabilidade do CQC
Falácia do Homem Mascarado
- Os seguintes raciocínios são válidos no CQCf= :
- Ou seja: a é (igual a) b. P é predicado de a. Logo P é predicado de b.
- Ou seja: a é (igual a) b. P não é predicado de a. Logo P não é predicado de b.
- Isto pode ser expresso na linguagem de segunda ordem:
- Esta é a Lei de Leibniz ou Lei de Substituição dos idênticos. Ela permite a construção de uma infinidade de argumentos obviamente válidos. Ex:
- 1+1=2
- 2 é par.
- Logo 1+1 é par.
- John é o homem mascarado.
- O homem mascarado cometeu um crime.
- Logo John cometeu um crime.
- Clark Kent é o Superman.
- Superman é vulnerável a kriptonita.
- Logo Clark Kent é vulnerável a kriptonita.
- 3=2+1
- 3 não é par.
- Logo 2+1 não é par.
- Contudo, há contextos nos quais raciocínios com a mesma forma resultam em conclusões falsas mesmo as premissas sendo verdadeiras. Ex:
- Num contexto onde a polícia não sabe que John é o homem mascarado.
- John é o homem mascarado.
- A polícia desconfia que o homem mascarado cometeu um crime.
- Logo a polícia desconfia que John cometeu um crime.
- Na época que Lois Lane não sabia qual era a identidade secreta do Superman.
- Clark Kent é o Superman.
- Lois Lane sabe que o Superman é vulnerável a kriptonita.
- Logo Lois Lane sabe que o Clark Kent é vulnerável a kriptonita.
- Isto não significa que a Lei de Leibniz seja inválida, mas que é inválida a sua aplicação em determinados contextos: os contextos intencionais. Estes se caracterizam por envolverem crenças, sentimentos, conhecimentos e diversas subjetividades. Nestes contextos, algo que seja verdade para uma constante individual pode não ser para outra idêntica.