Linux para iniciantes/Introdução
Para aqueles que conhecem pouco ou nada de informática, antes de introduzir o Linux, será preciso explicar o que é um sistema operacional. Trata-se de uma instrução do computador que faz a comunicação entre o usuário e a máquina, permitindo que se executem programas e que tenham utilidade os inúmeros equipamentos que se utilizam no computador, tais como impressoras e câmaras digitais.
Existem muitos sistemas operacionais, que podem servir a diferentes tipos de máquina. Basicamente, os sistemas operacionais podem se classificar em:
- Sistemas para desktop: São os sistemas usados na área de trabalho dos usuários domésticos e na maioria das empresas.
- Sistemas para servidor: São os sistemas usados em servidores de rede, ou seja, uma máquina à qual se conectam outros computadores, podendo comunicar entre si.
- Sistemas portáteis: São utilizados em dispositivos portáteis, como PDAs (computadores de mão) e telefones celulares.
- Sistemas de finalidade específica: São sistemas utilizados em aparelhos digitais que não são computadores, como, por exemplo, televisores e aparelhos de DVD.
Existem inúmeros sistemas operacionais. Entretanto, alguns são mais usados e conhecidos que outros. Os sistemas mais usados atualmente são:
- Windows: Desenvolvido pela Microsoft, é o sistema mais difundido nos computadores do tipo IBM/PC. Tem versões para desktop, sendo a mais recente o Windows 10; versões para servidores (família Windows Server) e versões para dispositivos portáteis (família Windows CE).
- Mac OS: Desenvolvido pela Apple, é o sistema mais difundido nos computadores do tipo Macintosh, e é especialmente voltado para o desktop. A versão mais recente é o Mac OS X, com uma interface chamada "Mountain Lion".
- Linux: Sistema de código aberto, foi desenvolvido pelo cientista da computação finlandês Linus Torvalds e é distribuído e personalizado por vários usuários e empresas, tendo versões para todos os tipos de dispositivo, algumas mais voltadas para usuários técnicos, outras voltadas mais para usuários leigos.
Outros sistemas operacionais dignos de nota são:
- MS-DOS: Foi um sistema desenvolvido pela Microsoft, atualmente descontinuado. Em modo texto e sem suporte a redes, foi a base das primeiras versões do Windows.
- OS/2: Desenvolvido pela IBM juntamente com a Microsoft, atualmente é vendido pela Serenity Systems com o nome de eCommStation. É a base das versões mais recentes do Windows.
- Unix: Sistema criado por Ken Thompson, ex-funcionário da AT&T, é um sistema de largo uso na indústria e com capacidades multiusuário e multitarefa. Foi a base para a criação de vários outros sistemas operacionais derivados, entre eles o Linux.
- Solaris: Sistema operacional desenvolvido pela Sun Microsystems, mesma empresa criadora do Java e do StarOffice, base do pacote de aplicativos OpenOffice. Assim como o Linux, tem base no Unix.
- BSD: Família de sistemas desenvolvido pela Universidade de Berkeley, construído a partir do Unix, serviu de base para vários outros sistemas, entre eles o Mac OS X.
O que diferencia o Linux dos demais sistemas
Diferentemente do Windows e do Mac OS, que são sistemas proprietários e desenvolvidos respectivamente pela Microsoft e pela Apple Computer, o Linux é um sistema de distribuição livre. Isto significa que o sistema pode ser instalado, executado e modificado à vontade, sem que isso se constitua infração.
Quando compramos um CD do Windows em um camelô por preços muito baratos ou distribuímos cópias a amigos ou parentes, estamos cometendo um crime de pirataria, por violar licenças da Microsoft. Cada cópia do sistema vendida pela Microsoft só pode ser instalada em um único computador, não podendo ser distribuídas a terceiros.
É diferente com o Linux. Por ser um sistema livre, pode ser copiado e distribuído à vontade, e até mesmo obtê-lo de graça, transferindo-o da Internet. Os usuários avançados ainda podem modificá-lo à vontade, adaptando às suas necessidades específicas. É por isso que quando falamos em Linux em geral não falamos em "versão do Linux", e sim em distribuição. Nós temos uma distribuição quando um programador compila um CD ou pacote contendo as suas próprias personalizações.
A única distribuição do Windows que existe é o Microsoft Windows, assim como a única distribuição do Mac OS que existe é a da Apple. Porém, existem inúmeras distribuições do Linux, sendo algumas das mais usadas no mundo: Fedora Core, OpenSuSE, Red Hat, Slackware, Debian, Gentoo, Ubuntu e Mandriva - as duas últimas serão as usadas nos exemplos deste manual. Outras distribuições brasileiras famosas são o Kurumin NG, o Big Linux e a Dizinha. Distribuições portuguesas famosas são a Caixa Mágica e o Paipix Linux.
Na maioria dos casos, uma mesma distribuição do Linux pode ter várias versões, assim como os demais sistemas operacionais, como por exemplo: Mandriva 2007 Spring e Mandriva 2008. Em outros casos, uma mesma distribuição pode ter variações adaptadas a certas finalidades específicas. É o caso do Ubuntu, por exemplo, que tem o Edubuntu, voltado para uso educacional, e o Ubuntu Studio, voltado para quem trabalha com multimídia.
Outra diferença importante do Linux para os demais sistemas operacionais é quanto ao ambiente de trabalho. Quando olhamos para um computador com Windows ou com Mac OS, de cara já reconhecemos o sistema operacional e algumas vezes até a versão que está rodando. O Windows tem o botão "Iniciar", de onde se acessam os aplicativos, enquanto o Mac OS tem o "Finder". As decorações de janela também são sempre as mesmas, embora o usuário consiga mudar alguns elementos como a cor. Já no Linux, não existe um padrão universal. Até mesmo não existe um único ambiente gráfico. Existem dois que são mais comumente usados: o KDE, que usaremos nos exemplos apresentados neste manual, e o GNOME, mas existem também outros como o Xfce e o FluxBox. A maioria desses ambientes gráficos são altamente personalizáveis, podendo-se posicionar os botões e os menus no lugar onde se deseje, alterar o padrão dos ícones e das decorações de janela, de tantas maneiras como se queira. Inclusive, se o usuário quiser, pode deixar o sistema parecendo o Windows ou o Mac OS.
História
Três coisas tornaram possível o surgimento do Linux: A GPL, o Projeto GNU e a Internet. Além, é claro, a genialidade de Linus Torvalds. Ao se estudar Linux, é impossível deixar de se envolver com o conceito de Software Livre.
Resumidamente, enquanto estudava sistemas operacionais e C na faculdade, Linus decidiu ter um Unix melhor que o Minix para Desktop, afinal o Minix havia sido feito por Andrew Tannenbaum para fins acadêmicos.
Linus postou uma mensagem no grupo Usenet (nntp) comp.os.minix, mas não foi acreditado. Após um mês, Linus voltou com a versão 0.02 do seu núcleo de sistema. Então, os diversos participantes da lista começaram a contribuir e nasceu o mais tarde famoso kernel Linux.
Esta foi a mensagem que anunciou o nascimento do Linux:
"Você suspira por melhores dias do Minix 1.1, quando homens serão homens e escreverão seus próprios "device drivers"? Você está sem um bom projeto e está morrendo por colocar as mãos em um Sistema Operacional no qual você possa modificar de acordo com suas necessidades? Você está achando frustrante quando tudo trabalha em Minix? Chega a atravessar noites para obter programas que trabalhem correto? Então esta mensagem pode ser exatamente para você. Como eu mencionei há um mês atrás, estou trabalhando em uma versão independente de um S.O. similar ao Minix para computadores AT-386. Ele está finalmente próximo ao estágio em que poderá ser utilizado (embora possa não ser o que você esteja esperando) e eu estou disposto a colocar os fontes para ampla distribuição. Ele está na versão 0.02, contudo eu obtive sucesso rodando bash, gcc, gnu-make, gnu-sed, compressão e outros nele."
Existia já também nesta época o Projeto GNU, que era um Sistema Operacional ainda sem kernel. Estas ferramentas, unidas ao Kernel de Linus, formaram um Sistema Operacional Usável. O projeto GNU foi um dos grandes responsáveis pelo surgimento do Linux e por outros softwares livres através, entre outras coisas, da já mencionada licença GNU GPL.