Latim/Lição 1
Lição 1: Cogito, ergo sum.
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Cogito, ergo sum. (Renatus Cartesius)
Verbos. O verbo SVM (Esse)
Um verbo é uma palavra que expressa uma ação, um fato; algo que se possa dizer que algo ou alguém faz. Os verbos, em latim, apresentam diversas flexões, isto é: mudam sua forma para indicar diversas características da ação que expressam.
Flexões
Uma flexão do verbo é a de número:
- Vir sum. Eu sou um homem.
- Homines sumus. Nós somos pessoas.
O número indica se a ação do verbo se refere a um único agente (caso em que o verbo está no singular) ou a mais de um (o verbo, então, se apresenta no plural). Das frases acima, a primeira está no singular, a segunda, no plural.
Outra flexão é a de pessoa:
- Vir sum, mulier es. Eu sou um homem, tu és uma mulher.
- Cartesius homo est. Descartes é um ser humano.
A pessoa verbal indica se o verbo se refere à pessoa que fala (primeira pessoa: sum), àquela com quem ela fala (segunda pessoa: es) ou a qualquer outra pessoa ou coisa (terceira pessoa: est).
As duas flexões podem ser combinadas:
- Noui sumus. Somos novos.
- Parui estis, sed miles et mulier magni sunt. Sois pequenos, mas o soldado e a mulher são grandes.
Nestas duas frases, aparecem a primeira, segunda e terceira pessoas do plural; nas duas anteriores, do singular.
SVM
Além destas, há flexões de voz, tempo e modo. Por enquanto, veremos apenas verbos na voz ativa, no tempo presente e no modo indicativo. Ao se referir a um verbo em latim, se usa a primeira pessoa do singular do presente do indicativo ativo; assim, para se referir ao verbo que vimos estudando, dizemos simplesmente: "o verbo SVM" (lembre-se que a forma maiúscula do u latino é V).
Como você já reparou, o verbo SVM estabelece uma identidade entre um sujeito e um predicativo. Se o verbo é usado para expressar uma ação ou fato, o sujeito é aquele ou aquilo a quem essa ação ou fato se refere. Já o predicativo dá uma informação sobre aquilo a que se refere. O verbo SVM liga um sujeito a um predicativo referido a ele, um predicativo do sujeito. É um verbo de ligação.
Casos
- Cogitant homines. Os seres humanos raciocinam.
Há verbos em latim que não são de ligação. Eles podem ser intransitivos, isto é, seu sentido se completa em si mesmo. Um exemplo é a frase acima: nela, o verbo cogitant representa uma idéia que não necessita de um complemento.
Acusativo e nominativo
- Mulier militem amat. A mulher ama um soldado.
- Librum legit uir magnum. O homem lê um livro grande.
Outros verbos podem ser transitivos. Nesse caso, virão acompanhados de um complemento. Estas frases são exemplos disso. Nos dois casos, as ações expressas (amat, ama e legit, lê) têm um complemento que indica a "direção", o "alvo", a "meta", o "sentido" da ação verbal.
Um complemento que expressa "direção, sentido" vem, em latim, no caso acusativo. Os nomes, em latim, não precisam vir em posições específicas da frase para indicar que são complementos de verbos. Em vez disso, indicam sua função na frase através do caso. O caso é indicado por uma terminação, acrescentada ao final da palavra.
O caso do complemento, como dissemos, é o acusativo. Uma forma comum das terminações do acusativo é um M: militem, magnum librum. Há também o caso do sujeito: é o nominativo. Ele não tem uma terminação específica: das palavras vistas até agora, tanto uir e mulier quanto homo e Cartesius estão no nominativo.
Concordância
- Vidimus magnas urbes. Vemos grandes cidades.
Algo importante que você deve ter em mente é a concordância: um sujeito e seu verbo devem estar no mesmo número. Assim, diz-se "homines cogitant", no plural, mas "homo cogitat", no singular. Além disso, um adjetivo (que é uma palavra que expressa uma qualidade de algo) deve estar no mesmo número e caso da palavra a que se refere: magnum librum, no acusativo singular. Aliás, é esta concordância que permite, na frase-exemplo, que se saiba que é o livro, não o homem, que é grande, já que o homem, uir, está no nominativo singular. Ademais, um predicativo concorda com a palavra a que se refere: liber magnus est.
A concordância de casos não requer que as palavras assumam a mesma forma. Cada uma flexiona-se de acordo com sua própria declinação, isto é, seu próprio modo de assumir os diferentes casos. Por exemplo, o plural de magnus (nominativo) é magni. Então, diz-se tanto magni libri e magni uiri quanto magni milites e magni homines. Por fim, há a concordância de gênero: a palavra urbs é feminina; seu acusativo plural urbes, então, requer que o adjetivo magnus, ao se aplicar a ele, também esteja no acusativo feminino plural: magnas.
Na sequência...
As palavras desta lição encontram-se no Vocabulário.
Não se esqueça de fazer os Exercícios e conferir a Correção
Uma sistematização da conjugação verbal e da declinação vistas até agora encontra-se no Apêndice.